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Letras Colônia Cratera

 

Grande Migrânea

Manobras

Sob o Gelo

Restos

Cegos a olhar o sol

Profundezas

Colônia Cratera

Padrões Parte 1

Paralaxes

 

No futuro, a população da Terra, miserável, ignorante e exaurida de seus recursos, sobrevive como pode. Sequências de catástrofes naturais e guerras globais encolheram  e segregaram as comunidades humanas.
No meio de um vasto deserto, entre o caos e as ruínas de uma civilização esquecida, um grupo de refugiados consegue subsistir. Entretanto, uma tempestade de proporções descomunais os atinge e destrói toda a estrutura que foi às duras penas construída.
Os poucos sobreviventes são obrigados a vagar pelo deserto em busca de recursos. Nessa peregrinação, encontram uma estranha trilha incrustada no chão árido, revelada pelos ventos da recente catástrofe. As duas faixas luminosas se estendem em linha reta por quilômetros.
Seguindo a trilha, eles chegam à um centro de lançamento espacial, intocado pelas eras. Nele, várias naves abandonadas aguardam. Encurralados por outros grupos rivais e sem alternativas restantes, eles tentam acionar uma das nave, com sucesso.

 

1.Grande Migrânea

Olhem!

No olho do furacão

Fujam!

Fumaça sobe pelos ares

Nos arredores da catástrofe

A nuvem que nos consumiu

Sigam!  

Os trilhos marcam um caminho

Caminharemos pela Terra  

Enterraremos nossas crenças

Num mundo que já sucumbiu

Grande Migrânea (pelo céu)

Meu passado e destino ela corrói

No deserto em que me arrasto

Latejando, minha cabeça dói

Vejam!

Deixamos rastros pelo céu

Celebraremos a partida

Partilharemos nossas  dores  

Mas cicatrizes ficarão

Grande Migrânea (pelo céu)

Meu passado e destino ela corrói

No deserto em que me arrasto

Latejando, minha cabeça dói

 
 

Em meio ao conflito e à dúvida, o grupo de humanos deixa o seu planeta. À sua frente, mais misterioso do que a nave que tripulam, estende-se o espaço-tempo em que viajam. Em direção ao Sistema Solar Externo, os viajantes cortam, admirados, o tecido do Universo.

 

2.Manobras

 

O mundo fica para trás

Imensa escuridão

Se existe ainda alguns de nós

Por onde eles navegam

À frente o tempo se desfaz

O espaço se desdobra

E as curvas viram retas

Vertigem e manobras

Agora resta esperar

Eterno Oceano

Se esvai em órbita solar

A glória dos humanos

Escorrem meses sem parar

E o que nós conseguimos

Será que toda flecha

Atinge seu destino

 

Júpiter assoma pelo estreito horizonte das janelas da nave. É para Europa, uma de suas luas que os sobreviventes rumam. A superfície de gelo eterno, varrida   pelo intenso campo eletromagnético de Júpiter, é uma paisagem erma e estéril. Porém, o navegador informa que uma acoplagem à  uma estação orbital lunar está programada.
A surpresa do destino se torna ainda maior quando os tripulantes descobrem que não só a lua é habitada por humanos há séculos, como também esses não estão inclinados à acolhê-los.

 

3.Sob o Gelo

 

 

Envolto pela sombra

Elísio protegido pelo abismo ancestral

Gelo no horizonte

O que estará oculto sob o solo glacial

O manto branco se aproxima

Aqui o ar não se respira

Sob o gelo

Alma Vil

Prisioneiros

Terra Hostil

Cidades esculpidas

O que estará oculto nos mares abissais

Dúvidas emergem

Quem foram os primeiros e os últimos mortais

A ira crescem agonia

Soldados postos em vigília

Sob o gelo

Alma Vil

Prisioneiros

Terra Hostil

Os governantes de Europa ficam alarmados ao saberem da presença da nave. As famílias mais ricas da Terra tinham decidido deixar o planeta, já condenado, há quase mil anos. A comunicação com o Sistema Solar Interno fora perdida há muito tempo e já se esperava que não houvesse mais vida por lá. Ao menos, essa era a verdade vendida por aqueles no poder. Há ainda aqueles que pensem que tudo não passa de um golpe, uma farsa construída por um grupo rebelde de Io, que há anos tenta sabotar a lua mais rica do sistema joviano. Enquanto ocorre a “Crise da Chegada” devido ao aparecimento da nave terráquea, a Grande Migrânea permanece em quarentena e sob vigilância  no espaço-porto de Europa.

 

4.Restos

 

Restos (restos),  Somente restos (restos)

Como é possível viajar pelo universo

Mas traz, traz gente demais

Como saber do que aquilo é capaz

 

Quem trai os costumes

Fale por si

Não sai impune

Há regras aqui

 

Caem (caem),  as crenças caem (caem)

Como esquecer o que deixamos para trás

Mas vão, vão tarde demais

Que fujam desesperados como animais

 

Quem trai os costumes

Fale por si

Não sai impune

Há regras aqui

 

 

No meio da “Crise da Chegada”, um grupo terrorista de Io, cuja base principal fica situada na Colônia Cratera, aproveita para causar danos no governo de Europa. Porém, seus dois líderes maiores têm opiniões divergentes. Enquanto uma facção prega a luta armada e os ataque terroristas sucessivos, outra defende a utilização do momento para expor as mentiras e corrupção do governo de Europa.

 

5.Cegos a Olhar o Sol

 

Aniquilação as cinzas e ao pó

Quem irá gritar, como sufocar todos nós

Voz, uma voz

De uma terra sem lei

Olhe ao redor

O que isso nos fez

Retribuição aos homens sem fé

Quem irá queimar, ver o fogo arder outra vez

Só um algoz

Que insiste em ser rei

Olhe ao redor

Que bem isso nos fez

Qual é o preço da revolta , vale a vida de alguém

Quem irá matar, Quem irá morrer

Quem vai sucumbir, Quem vai perecer

Guerras não acabam com a dor

Só nos fazem ver

Como os cegos a olhar o Sol

Lutam à procura de um farol

Mas não podem ver

São os cegos a olhar o Sol

Sacrifícios à Glória e ao Poder

Nada foi em vão, nunca voltarão a temer

Voz, uma voz

De uma terra sem elei

Olhe ao redor

O que isso nos fez

Mensageiros, o caos vai crescer

Deixe agonizar, deixe tudo aqui perecer

Só um algoz

Que insiste em ser lei

Olhe ao redor

Que bem isso nos fez

Qual é o preço da revolta , vale a vida de alguém

Quem irá matar, Quem irá morrer

Quem vai sucumbir, Quem vai perecer

Guerras não acabam com a dor

Só nos fazem ver

Como os cegos a olhar o Sol

Lutam à procura de um farol

Mas não podem ver

São os cegos a olhar o Sol

 

Os governantes mais poderosos de Europa se reúnem após o atentado em Pwyll, a maior cidade desta lua. Esses meio-homens, meio-ciborgues, mantidos vivos a centenas de ano por meios artificiais, são conhecidos como “A Tecnocracia” e prezam pela manutenção das estruturas de poder que criaram. Sem chegar a um consenso de como agir frente aos ataque de Io e os “intrusos” vindos da Terra, eles descem ao níveis mais profundos do oceano de Europa em busca de respostas. Num templo tecnocrata, eles expõe suas dúvidas ao Cronoráculo, um ser precognitivo criado a partir do corpo de um dos membro mais antigos da Tecnocracia.

 

6.Profundezas

Visões do tempo

As cenas ao inverso

Prisões de vidro

No templo submerso

Ciência arcana

Um corpo envelhecido

Tecnocracia

Segredos esquecidos

Nas profundezas do abismo

Questoes a responder

Um plano adormecido

As sutilezas do poder

Precognitivos

Palavras sem sentido

Finais cinzentos

A beira do abismo

Cronomancia

O novo engole o velho

Na grande farsa

Verdade sob o véu

Nas profundezas do abismo

Questoes a responder

Um plano adormecido

As sutilezas do poder

 

A facção que apregoava a luta armada, conhecida como Touro Branco, é vitoriosa. Eles promovem um atentado em Pwyll, capital de Europa. Durante a fuga utilizando o espaço-porto, o grupo terrorista não só escapa como consegue também roubar a Grande Migrânea, em quarentena devido às imposições do governo. Para a surpresa deles, a máquina é movida a geradores de anti-matéria, uma tecnologia que dá a eles grande poder de barganha. Com a nova arma sob custódia, eles levam a tripulação terráquea para sua base em Io, chamada Colônia Cratera.

 

6.Colônia Cratera

 

Espaço

Sem fim

Mundos à conquistar

Mas acabamos aqui

Entre a escuridão

Cães do inferno

Filhos da guerra

Vidas que estão no fim

Fogo e cinzas

Tudo termina aqui

Logo, as sondas voltarão

Cruzam os céus da eterna escuridão 

Novas, as chamas brilharão

Chega ao fim a provação

 

Io

Enfim

Mundos à retornar

Mas acabamos aqui

Entre a escuridão

Cães do inferno

Filhos da guerra

Vidas que estão no fim

Colônia cratera

Todos estão aqui

A recém-formada aliança entre Io e Terra se decide por atacar novamente Europa, dessa vez usando o poder da antimatéria. A Grande Migrânea é reformada e adaptada: novos compartimentos de carga e tripulação são projetados, os geradores de antimatéria são reutilizados como grandes canhões frontais e laterais, naves de ataque rápido e de fuga são anexadas. Meses de trabalho se passam até que a nave-arma esteja pronta. Então, os aliados partem em direção à Europa. Entretanto, a Tecnocracia já havia movido suas peças no tabuleiro, orientada pelo Cronoráculo. Um grupo de infiltrados é convocado a ação e sabota um dos geradores da nave.

8.Padrões (Parte I)

Sem poder alcançar um sinal

Ondas estranhas se movem pelo caos

Coordenadas, paralelas sem fim

Pontos perdidos num plano colossal

Como as voltas na grande espiral

Moldam as eras do breu infinito

Regras e leis, padrões anormais

São as chaves de uma prisão

Até os limites das fundações

Como fomos nos enganar

Quais as barreiras que o tempo desfaz

Qual o mito da criação

Deslocados, distorcendo os finais

Campos inversos colidem entre si

Simetrias, dimensões temporais

Novas elipses se formam, desiguais

Como as voltas na grande espiral

Moldam as eras do breu infinito

Regras e leis, padrões anormais

São as chaves de uma prisão

Até os limites das fundações

Como fomos nos enganar

Quais as barreiras que o tempo desfaz

Qual o mito da criação

 

A sabotagem da nave gera uma grande distorção do espaço-tempo, a meio caminho entre Io e Europa. Os compartimentos, cápsulas e naves de apoio, recém anexados, não suportam o poder gerado pela antimatéria e são engolidos pela anomalia cósmica. O evento parece durar não mais do que alguns segundos para alguns, décadas para outros. O paradeiro das tripulações de cada um dos compartimentos é incerto.Após o incidente, no mesmo local resta apenas a parte central da nave, com seus geradores inutilizados. A tripulação olha para o vazio do cosmos desolada, sem imaginar qual o próximo passo em sua jornada.

 

9.Paralaxes

Fendas do cosmos a desbravar

Mas tudo irá voltar ao nada

Presos nas mesmas batalhas

Cinzas da Terra

caem sem volta

Mil paralaxes

cruzam os céus em chamas

Ecos sem trazer respostas

Linhas e curvas de Luz

Olho cansado pro nada

Tantos sinais de alerta

Vozes de estrelas já mortas

Não mais importam distâncias

Cinzas da Terra

caem sem volta

Mil paralaxes

cruzam os céus em chamas

Ecos sem trazer respostas

Linhas e curvas de Luz

Olho cansado pro nada

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